segunda-feira, 15 de março de 2010

15 de março de 2010 - da poesia (talvez mais crítica)


Existe quem seja contra a argumentação dos que estudam. Quem escreve mal e é inseguro tem medo dos críticos, não importa a área, porque não saberão se defender. Tem algumas pessoas que acham que o conhecimento é delas, e tem aquelas que admitem o conhecimento num texto de outro, e vai estudá-lo, admirado. A esse segundo caso chamo de 'críticos', ao primeiro 'críticos de araque'. O crítico de araque não sabe, mas ele também critica a posição de crítico, apesar de ser um, e sua ignorância se ambienta exatamente no fato de ignorarem sua própria posição; não são os únicos, mas eles, que lêem a crítica dos outros, e não gostam de assumir que um texto possa falar mal de algo que talvez ele goste (como o deles mesmo faz com outros), sai por aí dizendo bobagens a respeito de uma profissão (generalização: erro que eu mesmo cometo várias vezes e por isso mesmo me sinto a vontade de apontá-lo como erro, e se eu cometer novamente aqui mesmo por favor me apontem!) que enfrenta problemas gigantescos em seu próprio seio no Brasil pela descrença na cultura que é senso comum já, e que este exemplar de gente ajudam a piorar. Pessoas como Roland Barthes que estudam e que dizem coisas maravilhosas em seus estudos, como está na citação seguinte, são afastados das pessoas porque existem esses que não sabem calar-se para o fenômeno, falam para os próprios ouvidos talvez, porque estão desacostumados ao aprendizado vir de fora pra dentro, acham que sabem o suficiente, desobedecendo mais uma vez o velho ditado: 'não se pode acrescentar a um copo que já está cheio'.

Pessoas como Márcio Ezequiel (o twitter dele: http://twitter.com/marcioezequiel , o blog dele onde ele falou besteira: http://marcioezequiel.blogspot.com/) são exemplares dos anti-cultura que infestam o país, e pra completar, quando postei um comentário em seu blog onde acusei-o de blasfêmia descobri que os comentários postos lá tem de passar por sua aprovação e ele se sentiu no direito de negar o comentário que se opôs a ele, um ato de censura claro onde ele quer controlar a opinião das pessoas que frequentarem seu ambiente, não permitindo que vejam opiniões avessas às dele. Assim são os políticos que negam educação ao povo, estão outros que ameaçam mídias caso publiquem notícias que prejudiquem suas imagens, e assim vai... Esse exemplar da escória (essa é a opinião que sustento enquanto ele não responder, e talvez dure pra sempre...) me intrigou, porque eu precisava mesmo de ver um exemplo de burrice pra poder apontar o dedo e dizer que ele é um dos responsáveis pelo atraso do país!

Mudando radicalmente agora, voltando ao assunto que interessa ao blog, a arte literária é do povo, e merece sua atenção, os críticos somos nós todos, e quem escreve, só por escrever, está ousando interferir na história da escrita; se supera, difama, se falha, anuncia outros... Quem é separado neste mundo?(talvez o Márcio Ezequiel) Estamos interligados até porque um prato de comida que se come é um prato de comida a menos para todos! É por isso que o desperdício fere. É um ato de respeito para a condição humana fazer considerações abertas sobre a posição de outras pessoas ou sobre suas obras, quem nega isso nega também melhoras para a humanidade uma vez que acha que nada se acrescenta, e que todos devem viver separados em seus próprios mundos (talvez um resultado do consumismo que insere as pessoas cada vez mais em perspectivas alucinadas de isolamento e ignorância; pra defender essa minha posição aponto um bom filme que trata o caso: SURPLUS). Nós compartilhamos as experiências, e é por isso, e por nada mais, que tudo que é arte tem importância, e é tão fantástico isso que na seguinte citação está uma análise do que compõe a poesia.

Da palavra poética - Roland Barthes


"Cada palavra poética é assim um objeto inesperado, uma caixa de Pandora de onde saem voando todas as virtualidades da linguagem; é portanto produzida e consumida com uma curiosidade particular, uma espécie de gulodisse sagrada. Essa Fome da Palavra, comum a toda a poesia moderna, faz da palavra poética uma palavra terrível e desumana. Institui um discurso cheio de buracos e cheio de luzes, cheio de ausências e de signos supernutritivos sem previsão nem permanência de intenção e por isso mesmo tão oposto à função social da linguagem, que o simples recurso a uma palavra descontínua abre a via de todas as sobrenaturezas."

Roland Barthes in 'O grau zero da escrita' (p.43-44, 2004)