terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Daquilo que chamamos certo - 07 de dezembro de 2010


"pensei muito quando disse objeto indireto referente ao filme, mas, objeto indireto é aquilo que temos quando não sabemos ao que referimos, veja bem, referir é algo que varia, e dentro da variância extrema a que a língua utilizada submete a estrutura através do significado, a única garantia do que é dito está em algo que não é a língua entre o que diz e os que ouvem. A estrutura encontra autonomia para mudar, isso não é algo escondido pra ninguém, é algo de ser recebida, a língua, para arbítrio, em parte ,regular e em parte original. Assim, é sentimental dizer em objeto direto!, e ser de algum sentimento é a única forma de dar valor, logo, de ter sentido que se diga.

Assim nos desfazemos da estrutura, da pedra e dos manuscritos que se acabam, e passamos adiante, para a compreensão mais próxima da coisa e de suas reais motivações, que nos serão os únicos argumentos da evidência de suas significações com o passar do tempo.

E 'inda que 'arcaicos' e 'errados', estarão no coração da comunicação."
Sávio


"As estátuas de Olímpia, que tanto contribuem para nos ligar à Grécia, alimentam contudo também, no estado em que chegaram até nós - esbranquiçadas, quebradas, isoladas da obra integral -, um mito fraudulento da Grécia, não sabem resisitir ao tempo como um manuscrito, mesmo incompleto, rasgado, quase ilegível. O texto de Heráclito lança-nos clarões como nenhuma estátua em pedaços pode fazer, porque o significado é nele deposto de maneira diferente, é concentrado de forma diferente do que está concentrado nelas, e porque nada iguala a ductilidade da palavra. Enfim, a linguagem diz, e as vozes da pintura são as vozes do silêncio."
Maurice Merleau-Ponty, em 'Signos'

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